Insônia


Esfriar da noite
Amanhecer do dia
Às quatro horas
E cinquenta minutos
À madrugada, faço companhia.

Mas ciúme, enciumado que é
E do jeito que só ele sabe
Com sutileza, fustiga, flagela
Censura minha rara cortesia.

Ê ciúme, bicho atentado
Daqueles que enxergam no escuro
Tão belo enlace
De minh’alma errante
Com sua amada madrugada fria.

Pois desista, bicho do mato!
Não vou dormir!
A madrugada já me ensinou
Com singela sabedoria
Que em meio a letras e ventos
E na solidão de uma noite
O caminho é a automedicação
De outras poesias.

Arrisque-se em me atentar
Ó bicho maldito
Que com a frieza da madrugada
Espirro-te para bem longe
Bem longe de mim!

Ah! Enquanto existirem madrugada
Prosa e comentário
Amor, curiosidade e poesia
Aviso-lhe, ó bicho infiel
Que a ti faltará tudo
Exceto a fugacidade
Limitada pelo nascer do sol
E cantar dos pássaros
De um fiel aconchego.

Adormecer da noite
Raiar de um chuvoso dia
Às cinco horas
E quarenta e cinco minutos
À minha cama, farei companhia.

Nenhum comentário: