AZUL

* pintura: Tarsila do Amaral

Correnteza molha
olha
piso em terra.
Percebo incólume matas ciliares e todos
os rios que me conceberam e desaguaram.
Marco passo, tento, afilhado
filho do vento.
Enfrento tudo
seduzo
mas recebo tempestade e lágrimas de gente.

Revirado sou.
Profundo, raso
permitido.
Também rezo, rosno, feroz faço vida.

Mar que sou, desejo a lua: homem
de casa, casto, animal, menino de rua.

2 comentários:

Valdemiro disse...

Noite séria em dia longo.
Somente em fim de Primavera.
Não se espera um vento sul.
Sem se estar com a alma aberta.

Liu Lisboa disse...

É um imensurável prazer ver-te a te desenhar em palavras com tanta facilidade e leveza...
Amo todos os dias.