RESMAS

* pintura: Joan Miró

Vejo-os e basta,
em demasia
atenção d'olhos não podem
resistem, e também basta.

Vejo-os, sim, emaranhados

enovelados, entregues à própria sorte:
tintas, pincéis e maresia

brisam-me também.


Somos eu e eus, matéria e prova

sumo e sina e promessa de rubra poesia;

somos idéias e ideais, sempre foram

sempre, mas por ora bastam-me.

Agora clamo-lhes, a ferro e força,
quero-as expostas, feridas:

venham, até disformes,
venham,
gritem, gozem,
pulsem, chorem,
mas venham.

Sejamos poesia.

Na raça.

3 comentários:

Valdemiro disse...

"Sejamos poesia.
Ainda que em desgraça.
Pois os versos libertam.
As vicissitudes da alma".

Lindo poema Capa!

Jacinta Dantas disse...

Nos muitos Eus, em todos os Eus, há espaço garantido para a poesia.

Estou por aqui conhecendo seu espaço e quero voltar mais vezes.

Liu Lisboa disse...

Meu amor, meu amor... Somos a poesia em si, não? Todos os dias. Amo!