Conto de Gente


(...)

Não sabia ela, contudo, que essa gente
Era gente de verdade, gente mangada
Que nem povo governado por favores
E que fazia das mangas duma rede de pescar
Bordas dum prato raro de comida disputada.

Era gente praga, enfim, gente que acossada à exaustão
Pela tempestade intempestiva de negações de porta,
Recolhia as velas de sua morada sobre lágrimas
E danava a correr, a correr de mãos dadas com o tempo,
Buscando, assim, e só dessa forma mesmo

A estiagem exigida pelo prato do dia seguinte.

Um comentário:

Liu Lisboa disse...

sem dúvidas, um dos seus melhores. muito, muito, muito lindo.